LARANJA MECÂNICA É HORRORSHOW
Laranja Mecânica (A Clockwork Orange) , do escritor inglês Anthony
Burgess, publicado pela primeira vez em 1962, é um clássico literário, imortalizado
9 anos depois, quando ganhou uma adaptação tão ou mais extraordinária do que o
produto original. O longa-metragem de Stanley Kubrick
apresenta a futurística história de ultraviolência do jovem Alex, com requintes
de crueldade. E lembremos que ela não foi a única versão derivada do livro, que
já havia sido explorada em Vinyl, filme do artista Andy Warhol. A banda Sepultura gravou até o
álbum A-Lex em homenagem à obra.
Por sua linguagem e estética
inovadoras, Laranja Mecânica é um romance primoroso e dos mais importantes da
literatura do século XX. Eleito pela revista Time um dos cem melhores romances da língua inglesa, o livro é um
dos ícones literários da cultura pop ao lado de 1984, de George Orwell e
Admirável Mundo Novo, de Aldous Huxley. O dialeto nadsat (uma mistura de inglês com russo), criado
por Burgess, é outra atração e inovação à parte, muito mais presente no livro
do que no filme. Neste ano, comprei a
edição especial da Editora Aleph, em
comemoração ao aniversário de 50 anos da publicação. Valeu a pena! A publicação
anterior que eu detinha era de 1971.
Laranja Mecânica é um banquete
facilmente digerível de vilania picaresca e sátira social. Uma perturbadora
confissão autobiográfica de Alex e sua gangue juvenil, dividida em três partes.
Alex e seus druguinhos fazem misérias:
roubam, estupram, matam, duelam com gangues rivais, etc. São jovens
inescrupulosos que estão sempre elucubrando maldades e prontos para cometer
todo o tipo de perversidade e atos de violência. Após uma incursão malsucedida,
Alex é traído pelos seus comparsas e é capturado pela polícia. Na prisão acaba
servindo de cobaia para uma experiência chamada “Método Ludovico”, criado pelo
Estado com o intuito de acabar com os impulsos violentos dos criminosos. Era
como se fosse uma reengenharia social desenvolvida para abolir tendências
criminosas e reeducá-lo psicológica e socialmente. Uma experiência extremamente
dolorosa e tão desumana quanto a ultraviolência praticada pelo próprio
Alex.
Tanto o livro quanto o filme podem
ser analisados como uma pura comédia de horror ou, em nível mais profundo, como
fábula sobre o bem e o mal e a importância da opção humana. Como diria o
próprio e cativante Alex: "É uma
história horrorshow, que, ou lhe fará smekar que nem bizumni ou trará vetustas
a seus glazis".
Não dá pra
não ler. Não dá pra não ver!
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