domingo, dezembro 07, 2014


LARANJA MECÂNICA É HORRORSHOW

Laranja Mecânica (A Clockwork Orange) , do escritor inglês Anthony Burgess, publicado pela primeira vez em 1962, é um clássico literário, imortalizado 9 anos depois, quando ganhou uma adaptação tão ou mais extraordinária do que o produto original. O longa-metragem de Stanley Kubrick  apresenta a futurística história de ultraviolência do jovem Alex, com requintes de crueldade. E lembremos que ela não foi a única versão derivada do livro, que já havia sido explorada em Vinyl, filme do artista Andy Warhol. A banda Sepultura gravou até o álbum A-Lex em homenagem à obra.
Por sua linguagem e estética inovadoras, Laranja Mecânica é um romance primoroso e dos mais importantes da literatura do século XX. Eleito pela revista Time um dos cem melhores romances da língua inglesa, o livro é um dos ícones literários da cultura pop ao lado de 1984, de George Orwell e Admirável Mundo Novo, de Aldous Huxley. O dialeto nadsat (uma mistura de inglês com russo), criado por Burgess, é outra atração e inovação à parte, muito mais presente no livro do que no filme.  Neste ano, comprei a edição especial da Editora Aleph, em comemoração ao aniversário de 50 anos da publicação. Valeu a pena! A publicação anterior que eu detinha era de 1971.
Laranja Mecânica é um banquete facilmente digerível de vilania picaresca e sátira social. Uma perturbadora confissão autobiográfica de Alex e sua gangue juvenil, dividida em três partes. Alex e seus druguinhos fazem misérias: roubam, estupram, matam, duelam com gangues rivais, etc. São jovens inescrupulosos que estão sempre elucubrando maldades e prontos para cometer todo o tipo de perversidade e atos de violência. Após uma incursão malsucedida, Alex é traído pelos seus comparsas e é capturado pela polícia. Na prisão acaba servindo de cobaia para uma experiência chamada “Método Ludovico”, criado pelo Estado com o intuito de acabar com os impulsos violentos dos criminosos. Era como se fosse uma reengenharia social desenvolvida para abolir tendências criminosas e reeducá-lo psicológica e socialmente. Uma experiência extremamente dolorosa e tão desumana quanto a ultraviolência praticada pelo próprio Alex. 
Tanto o livro quanto o filme podem ser analisados como uma pura comédia de horror ou, em nível mais profundo, como fábula sobre o bem e o mal e a importância da opção humana. Como diria o próprio e cativante Alex: "É uma história horrorshow, que, ou lhe fará smekar que nem bizumni ou trará vetustas a seus glazis".
Não dá pra não ler. Não dá pra não ver!




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